Conforme anunciado, escrevei algumas linhas sobre o filme The Corporation.
É um filme manifesto, que critica duramente as maiores empresas mundiais. Vale muito a pena dar uma olhada no outro lado da moeda, conhecer um pouco de práticas escusas destas corporações. É quase uma teoria da conspiração.
Vou relatar apenas alguns casos citados.
Monsanto – esta empresa desenvolveu um antibiótico para ser aplicado em vacas leiteiras que aumentava significativamente a produção. Algumas imagens são chocantes, vacas com suas tetas tão grandes que quase encostam no chão e que mal conseguem andar, além da forte expressão de sofrimento. O remédio não foi devidamente testado e logo liberado pela FDA, colocado no mercado. Mas o problema é que o leite destas vacas são altamente prejudiciais à saúde humana. Como é um antibiótico, qualquer doença que uma pessoa desenvolva fica mais difícil de ser curada, já que ela está imune aos remédios. Além disso, as tetas inflamadas das vacas contaminava o leite com pus.
Bolívia – os muitos empréstimos que a Bolívia pegou com o Banco Mundial fez com que este país fosse obrigado a privatizar diversos serviços, entre eles, a distribuição de água. O acordo era tão absurdo que além das altas taxas cobradas em cima de uma população extremamente pobre, até a chuva era privada, fazendo com que as pessoas não pudessem estocar as águas pluviais, correndo o risco de terem suas casas confiscadas. Depois de imensas manifestações populares, com muitos mortos e amputados, o povo boliviano conseguiu estatizar novamente a companhia de águas.
Nazismo – durante a Segunda Guerra muitas empresas americanas ainda mantinham relações comerciais com a Alemanha, garantindo seus lucros. Entre elas, a Coca-Cola, que criou a Fanta Laranja, uma marca que objetivou a manutenção do mercado alemão. A IBM garantia o funcionamento dos campos de concentração nazistas com seus sistemas de cartão perfurado, e segundo Peter Drucker, sob orientação do presidente Roosevelt.
Nike – no Brasil este tema não é muito abordado, e em conversas com amigos alguns não acreditavam que estas práticas ocorriam. Mão de obra infantil e semi-escrava são exploradas por empresas como a Nike em países como a Indonésia. Trabalhadores em condições degradantes, recebendo centavos por produtos que são vendidos por preços exorbitantes nos EUA. No Brasil também.
As Zonas de Exportação nestes países são protegidos pelo exército e por grupos paramilitares, que mantêm afastados qualquer bisbilhoteiro que queira mostrar o que acontece nestas áreas.
As Zonas de Exportação nestes países são protegidos pelo exército e por grupos paramilitares, que mantêm afastados qualquer bisbilhoteiro que queira mostrar o que acontece nestas áreas.
O filme conta ainda com depoimentos de Naomi Klein, autora de Sem Logo, e Susan Linn, autora de Crianças do Consumo, livros já comentados aqui.
Outra coisa que vale comentar é uma modalidade de marketing que eu não conhecia. Já publiquei aqui matérias sobre o marketing viral e o marketing de guerrilha, mas o marketing disfarçado nunca tinha ouvido falar. Dois exemplos: porteiros de prédios residenciais são pagos para manterem na portaria caixas vazias de um determinado produto, para que os moradores pensem que o produto em questão está sendo muito comprado por seus vizinhos e desperte nele a curiosidade de saber o que é. O outro exemplo acontece em bares lotados. "Encostadores" são contratados para pedir que pessoas sentadas nos bancos do balcão peçam determinada bebida feita com a marca X. Em pouco tempo, três destes "encostadores" são capazes de fazer com que a maioria das pessoas bebam drinks feitos com a marca citada.
A seguir, o início do filme:
O resto pode ser assistido clicando aqui. É só seguir a ordem dos capítulos.
Assista.